Técnica

A patinagem artística em Portugal é um desporto de competição e como tal está divido em categorias ou vertentes: individual, pares artísticos, pares de dança e grupo (ou show). A competição individual inclui a patinagem livre, o solo dance e as figuras obrigatórias; a de pares artísticos inclui a patinagem livre e a de pares de dança inclui a dança de criação e a livre.
A patinagem de grupo é diferente das outras vertentes, como se pode deduzir pela definição, é feita em grupo. As competições são entre grupos de quartetos, grupos pequenos ou então grupos grandes. Normalmente é avaliada a precisão e a criatividade do esquema, ao contrário da patinagem livre, em que são avaliados (para além da coreografia), os saltos, os piões e elevações (no caso dos pares artísticos).
Para competir, os patinadores são distribuídos por escalões consoante a sua idade:

Escalão
Faixa etária
Iniciação
4 - 7 anos
Benjamim
8 - 9 anos
Infantil
10 - 11 anos
Iniciado
12 - 13 anos
Cadete
14 - 15 anos 
Juvenil
16 - 17 anos
Júnior
18 - 19 anos 
Sénior
20 ou mais 

Antes de mais nada apresento-vos os patins utilizados na patinagem artística. (aqui)
Focando agora na patinagem livre de individuais apresento os elementos base que são avaliados em competição, ou seja os saltos e os piões:
(Os vídeos são em Espanhol mas é o que se arranja... Saliento também que estes saltos são simples e que os saltos duplos ou triplos têm o mesmo nome do salto base, apenas têm mais uma ou duas voltas. Também podem ver vídeos sem descrição, em que os saltos são executados pelo grande Roberto Riva de Itália.) 
salto de valsa    toe loop    salchow   flip    lutz   rittberg   euler   axel simples ou saltos simples (dispostos na mesma ordem que a anterior)   duplo axel, duplos toe loop, salchow e flip, triplos toe loop e salchow triplo flip, rittberger e lutz, duplos rittberger, lutz

Os vídeos apresentam variações técnicas em relação à técnica portuguesa (eu aprendi de maneira diferente e suponho que as coisas não tenham mudado assim tanto...). O salto de valsa não precisa de ter aquela entrada (preparação para o salto) que o axel tem. O patinador pode iniciar o salto virado de frente, com a perna esquerda no chão, a perna livre (a direita) eleva-se no ar e dá o impulso ao salto. De resto, o vídeo explica melhor o salto em si.
Uma coisa que os vídeos não explicam é a diferença entre o flip e o lutz. É que não reside só no facto de um ser feito a patinar no sentido dos ponteiros do relógio (luzt, sendo o único) e outro no sentido contrário, o convencional (flip). A principal diferença é que o flip é um salto em que a força se faz no exterior do patim e o lutz, no interior do patim. Tanto que o lutz até é um salto em que se alonga mais a perna livre (direita) para a força passar toda para o interior.
O euler é o único salto que existe apenas na forma simples. O euler é um salto muito utilizado nas ligações de saltos, pois a saída com a perna esquerda no chão e a direita no ar permite fazer um flip ou salchow.
O axel é o único saltos simples de uma volta e meia e um dos únicos em que a entrada é de frente.

Quanto aos piões há uma forma de mudança de um pião para o outro que se designa de saltado. Por exemplo, o patinador estando a fazer um exterior frente em avião pode dar um pequeno salto, tipo salto de valsa, para iniciar um pião em baixo, estando sentado sobre a perna direita. Também se pode fazer esta passagem para o avião: fazendo a preparação para iniciar o exterior frente em avião (a que se chama voltantes), antes de centrar para rodar, pode saltar, ficando com a perna direita no chão e assumindo a posição do avião, rodando como exterior trás em avião.
pião em cima  pião em baixo Piões de Avião e suas variações Exterior trás em avião, exterior frente em avião, interior, exterior frente em avião/exterior trás, exterior frente/interior/exterior trás, exterior frente/pião em baixo, calcanhar exterior trás, variação de calcanhar exterior trás, invertido, invertido/calcanhar/variação de invertido, broken ankle (a partir da Francesca Roncelli).

Figuras elementares:
carrinho com dois pés carrinho com um pé  quatro  avião  águia

Figuras obrigatórias
Este tipo de patinagem também é individual e requer disciplina e concentração. São utilizados outro tipo de patins e não são necessários travões. As rodas têm um diâmetro maior e são mais largas. Também não andam tão depressa como na patinagem livre, não é necessário. O objectivo aqui é andar com um pé em cima de uma linha circular, em diferentes posições, como se o patim fosse um comboio a andar sobre carris.  Para isso é necessário que estejam pintadas linhas no chão. Há dois tipos que podem ver aqui. A verdade é que não é das disciplinas mais populares, tanto entre o público como entre os patinadores, no entanto estas figuras podem ajudar na patinagem livre, nomeadamente na execução de passos. O corpo do patinador tem de estar rijo para ele se manter na linha, não há movimentos fluídos. É um patinar mais mecânico e não existe música.
Normalmente são feitas 3 voltas. E considerada uma volta quando o patinador volta ao local onde começou.
As figuras obrigatórias também têm nomenclatura própria. A figura pode incluir as duas circunferências (oito) ou as três (serpente). Normalmente o patinador troca de pé quando passa de uma circunferência para outra, no oito, excepto na serpente, em que percorre metade de uma circunferência, passa para outra sem trocar de pé, só quando termina esta circunferência é que troca. Portanto anda circunferência e meia com o mesmo pé. É na troca de pé que o patinador dá impulsão e adquire velocidade para completar a circunferência. Tirando e início e a situação anterior, o patinador não pode dar mais impulsos.
Normalmente o patinador inicia a figura numa junção duas circunferências e se estiver a patinar para trás, quando chega novamente à junção, vira-se para a frente. Caso contrário (se continuar a andar para trás) diz-se que é uma figura com prosseguimento.
O pé portador (o que está no chão) nunca pode sair do chão, ou seja as rodas têm de estar sempre em contacto com o chão. Não pode haver "saltos". Estes "saltos" acontecem normalmente quando o patinador está a fazer o três. Para o fazer tem que virar o corpo de frente para trás, ou de trás para a frente, sem trocar o pé e claro, sem levantar o patim do chão. Esta figura tem este nome porque o patim na realidade desenha um "3" no chão (quando o patinador se vira), quer seja interior, quer exterior (contra-três) em relação à circunferência, ver aqui. Nas provas, os jurados entram no pavilhão e seguem o movimento do patinador bastante de perto, para ver se se mantém na linha e também para ver se não "salta". Só de perto é que se ouve o patim a bater no chão quando se "salta". Há figuras que incluem dois "três" na mesma circunferência e são feitas com o mesmo pé, é chamada de duplo-três.
Como distinguir se uma figura é interior ou exterior? É fácil, basta olhar para a perna livre do patinador. Se estiver a tombar para fora da circunferência, é exterior, se estiver a tombar para o interior da circunferência, é interior.
Com a mesma lógica distinguimos o "frente" do "trás". Se o patinador começar virado para a frente, é designada .... frente e o mesmo raciocínio para trás.

Passemos então a algumas figuras, estão por ordem de dificuldade, mais coisa, menos coisa:
oito exterior frente oito interior frente oito exterior trás oito interior trás serpente exterior frente serpente exterior trás três exterior frente três exterior frente com prosseguimento três interior frente com prosseguimento duplo três exterior frente duplo três interior frente duplo três exterior trás duplo três interior trás contra três em pormenor contra três interior com prosseguimento contra três exterior com prosseguimento boucle interior frente  boucle exterior frente boucle interior trás boucle exterior trás

1 comentário :

A Mãe disse...

Só uma pequena correção: o lutz faz-se no rodado esquerdo e o flip com força interior, rodado direito portanto!
Cumprimentos
Lígia Vieira